Comunicação no Relacionamento: 5 Erros Fatais que Afastam Casais (e Como Corrigi-los)
- Michelle Martins de Oliveira
- há 3 dias
- 5 min de leitura
O que ninguém te conta sobre como conversar no amor

Você já se sentiu magoada/o numa conversa com quem ama — mesmo sem gritos ou ofensas? Já tentou se explicar e acabou piorando tudo? Quando a comunicação entre um casal falha, não é só a conversa que sofre. A confiança, o afeto e até o desejo de estar junto vão se desgastando aos poucos.
Muita gente acha que conversar é só falar e ouvir. Mas na prática, é sobre como a gente se conecta, como se sente acolhido ou atacado, ouvido ou ignorado. Neste texto, vamos falar sobre 5 erros comuns — e perigosos — que acontecem nas trocas entre casais. Pequenas atitudes que, repetidas com o tempo, podem se transformar em muros. E também vamos mostrar como mudá-las com consciência, afeto e prática.
1. Críticas que ferem em vez de aproximar
Dizer o que incomoda é saudável. Mas quando a reclamação vira ataque pessoal, tudo muda de tom. Frases como “Você é egoísta” ou “Você nunca liga pra mim” soam como julgamento — e não como pedido. Diferente de uma reclamação específica sobre um comportamento (feedback construtivo), a crítica ataca a personalidade ou o caráter do parceiro.
Esse padrão de comunicação cria um ambiente de hostilidade e ressentimento, onde cada interação vira um campo de batalha em vez de um espaço de troca. A pessoa criticada pode começar a se retrair para se proteger ou, ao contrário, responder com igual agressividade, escalando o conflito.
➡️ O problema: quem ouve se fecha, se defende, ou ataca de volta. A conversa vira disputa.
Como fazer diferente: Fale do seu sentimento, e não do defeito do outro. Troque “Você é preguiçoso” por “Fico sobrecarregada quando preciso cuidar de tudo sozinha. Podemos dividir melhor as tarefas?”.
Use o “eu sinto” para abrir espaço ao diálogo, sem culpa nem acusações.
2. Desprezo: quando o tom fala mais alto que as palavras
Sabe aquele olhar que desdenha? O sarcasmo? O revirar de olhos? O comentário que fere em tom de piada? Isso é desprezo — e segundo o pesquisador John Gottman, é um dos sinais mais fortes de que o relacionamento pode acabar.
O desprezo vai além da crítica; ele comunica uma profunda falta de respeito e uma sensação de superioridade em relação ao outro. É um comportamento que não deixa espaço para a empatia ou para a resolução construtiva de conflitos, pois parte de uma premissa de desvalorização do outro.
➡️ O problema: o desprezo corrói o respeito e destrói a admiração mútua. Machuca silenciosamente.
Como fazer diferente: Volte a olhar para o que você admira na pessoa. Relembre qualidades, faça elogios simples e verdadeiros no dia a dia.
Na hora da raiva, pergunte a si mesmo: “o que estou querendo dizer por trás dessa provocação?”. Falar da dor sem atacar é um ato de coragem.
3. Defensividade: quando cada fala vira uma ameaça
Se cada crítica é respondida com uma justificativa, contra-ataque ou vitimização, o casal entra num ciclo sem fim. “Você esqueceu de esquentara nosso jantar” vira “Ah, mas você também nunca me agradece por nada!”.
Embora possa parecer uma forma de autoproteção, a defensividade, na verdade, escala o conflito e impede que ambos os parceiros se sintam ouvidos e validados. Ela passa a mensagem de que você não está disposto a considerar a perspectiva do outro ou a reconhecer sua parte no problema. Em vez de construir pontes de entendimento, a defensividade ergue muros que isolam os parceiros.
➡️ O problema: ninguém escuta de verdade. A troca vira competição para ver quem sofre mais.
Como fazer diferente: Respire. Escute. Tente encontrar alguma verdade no que o outro diz, mesmo que não concorde com tudo. Um simples “Entendo que você se sentiu magoado” pode abrir espaço para reparar a relação — sem precisar dar razão total ao outro.
4. Silêncio como punição: o bloqueio emocional
Alguns preferem se calar para evitar brigas. Mas quando o silêncio é usado como muro, ele também machuca. O outro se sente ignorado, rejeitado, fora da conversa — e da relação. Esse comportamento é frequentemente interpretado como desinteresse, indiferença, desaprovação ou até punição. Faz com que o parceiro que tenta comunicar se sinta invisível, sem importância e profundamente frustrado.
O bloqueio emocional é particularmente prejudicial porque impede qualquer forma de reparação ou resolução. É um beco sem saída na comunicação. Muitas vezes, é o resultado de uma sobrecarga emocional, onde a pessoa se sente tão inundada por emoções negativas que o desligamento parece ser a única forma de se proteger.
➡️ O problema: a ausência de resposta gera insegurança e solidão. O casal se desconecta.
Como fazer diferente: Se você precisa de tempo para se acalmar, diga isso: “Estou sobrecarregado agora. Posso respirar e a gente retoma depois?”.
Se é o outro que se cala, tente nomear: “Sinto um vazio quando você se fecha. Podemos encontrar juntos um jeito de conversar melhor?”.
5. Não saber fazer as pazes
Toda relação tem conflito. O que define a saúde de um casal não é a ausência de brigas — é a capacidade de se reconectar depois delas. Ignorar o estrago, fingir que nada aconteceu ou evitar o contato só aumenta a distância.
Falhar em fazer tentativas de reparação – como pedir desculpas, demonstrar empatia, usar o humor (de forma apropriada), ou simplesmente reconhecer o impacto negativo da discussão – deixa feridas emocionais abertas que podem infeccionar e minar a confiança e a intimidade a longo prazo.
A reparação não significa necessariamente que o problema original foi completamente resolvido, mas sim que a conexão emocional entre os parceiros foi restaurada e que ambos estão dispostos a seguir em frente juntos.
➡️ O problema: sem reparação, as feridas se acumulam. E um dia viram muros difíceis de derrubar.
Como fazer diferente: Crie pequenas “pontes”: um pedido de desculpas, um carinho, um gesto simbólico, uma conversa sincera. Não precisa ter todas as respostas. Basta mostrar que você se importa e quer tentar de novo.
Um convite à mudança
Ninguém aprende a se comunicar perfeitamente — e nem precisa. Mas aprender a escutar com o coração, a falar com menos defesa e mais verdade, é uma escolha que transforma qualquer relação.
Se você e seu parceiro(a) têm se perdido nas palavras (ou na falta delas), a terapia de casal pode ser um caminho potente para reencontrar a conexão. Com acolhimento, técnica e cuidado, é possível transformar os conflitos em pontes — e redescobrir o amor que os uniu.
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Michelle Maoli é psicóloga com formação em terapia de casal pelo Gottman Institute. Atende online e presencialmente, em português e inglês.
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