Solidão do Expatriado: 7 Estratégias Para se Sentir Menos Só e Mais Conectada
- Michelle Martins de Oliveira
- 22 de mai.
- 4 min de leitura
Viver fora do país pode ser incrível. Mas também pode ser solitário — e ninguém fala sobre isso.

Mudar de país costuma ser vendido como uma grande conquista: novas oportunidades, idiomas, culturas, crescimento pessoal. Mas a verdade é que, por trás das fotos felizes e dos marcos alcançados, existe uma dor silenciosa que muitos expatriados carregam: a solidão.
Ela não surge de uma vez só. Às vezes vem como uma saudade leve, outras vezes como um vazio difícil de nomear. E ela não significa que algo esteja errado com você — significa apenas que você é humano, vivendo uma grande transição.
Muitas vezes, o expatriado está cercado de gente no trabalho ou em eventos sociais, mas mesmo assim se sente desconectado, como se uma parte essencial dele tivesse ficado no país de origem. Essa desconexão fica ainda pior por causa das diferenças culturais na forma de se comunicar e interagir, o que complica ainda mais fazer novas amizades e criar relações de confiança.
Neste artigo, quero te mostrar 7 estratégias que podem te ajudar a lidar com essa solidão e, principalmente, a se sentir mais pertencente ao lugar onde você escolheu (ou precisou) viver.
1. Dê nome ao que sente — e se permita sentir
Tem dias em que a gente só quer fingir que está tudo bem. Mas fingir não resolve. Sentir-se sozinho não é sinal de fracasso. É uma resposta natural ao estar longe de casa, longe da língua materna, longe de quem te conhece desde sempre.
Comece reconhecendo o que se passa aí dentro, sem se julgar. Pode ajudar escrever sobre o que você sente, conversar com alguém que já passou por algo parecido, ou simplesmente reservar um tempinho para refletir sobre suas emoções.
Lembre-se que adaptação é um processo, não um destino final, e que altos e baixos emocionais são esperados. Ao validar sua experiência interna, você cria uma base sólida para buscar ativamente estratégias que ajudem a construir novas conexões e encontrar um sentido de pertencimento no novo ambiente. Essa aceitação não significa se conformar com a solidão, mas sim encará-la de frente como um desafio que pode ser superado com as ferramentas e o apoio certos.
2. Crie uma rotina com sentido (mesmo que simples)
Ter uma rotina ajuda a colocar o pé no chão. E não precisa ser nada elaborado. Pode ser começar o dia com um café no mesmo lugar, caminhar no parque duas vezes por semana, fazer uma aula de algo que te interessa.
Quanto mais você se envolve com a vida ao seu redor — mesmo nos pequenos hábitos —, mais você vai se sentir parte de algo. Procure atividades que misturem prazer e convivência: curso de idioma, grupo de leitura, yoga, culinária, clube de brasileiros, aula de dança local... O importante é colocar o corpo e o coração em movimento.
3. Use a tecnologia — mas com equilíbrio
A internet é um presente: ela nos conecta com quem amamos, mesmo de longe. Mas se você passa mais tempo em chamadas com o Brasil do que vivendo o novo país, algo se perde.
Mantenha seus vínculos antigos, claro. Mas crie espaço para o novo também. Participe de grupos locais (Facebook, Meetup, Bumble BFF), procure eventos para expatriados, conecte-se com gente que está passando por algo parecido. A tecnologia pode abrir portas — desde que não vire uma fuga do presente.
4. Mantenha viva a sua cultura de origem
Sentir-se pertencente a um novo país não precisa significar abrir mão de quem você é. Ao contrário: manter viva a sua cultura pode ser uma ponte entre passado e presente, entre saudade e presença.
Permita-se manter alguns hábitos que te conectam com a sua identidade: cozinhar comidas típicas da sua infância, ouvir músicas na sua língua, celebrar datas importantes da sua cultura, ou simplesmente se reunir com outras pessoas que falam o mesmo idioma.
Participar de eventos culturais, grupos de brasileiros ou comunidades de imigrantes pode ser uma forma poderosa de fortalecer seu senso de identidade e acolhimento. Quando você preserva essas raízes, se sente mais inteiro — e mais forte para se abrir ao novo.
5. Aprenda o idioma local (mesmo que aos poucos)
Mesmo que todos falem inglês, aprender o idioma do lugar onde você vive transforma tudo. Não só porque facilita o dia a dia, mas porque te aproxima das pessoas, da cultura, da cidade.
Aprender a dizer “bom dia” no mercado ou pedir seu prato favorito no idioma local pode parecer pouco, mas é imenso. Mostra que você está se permitindo estar ali. E quanto mais você se abre para a cultura que te acolhe, mais ela te acolhe de volta.
6. Comece pequeno: uma conversa, um convite, um café
Fazer amigos na vida adulta já é desafiador. Num país novo, com idioma e costumes diferentes, ainda mais. Mas não precisa ser tudo de uma vez.
Em vez de pensar em “fazer amigos”, pense em dar pequenos passos. Ir a um evento local.
Convidar um colega para um café. Trocar duas palavras com o atendente da padaria. É assim que se começa. E, aos poucos, a sensação de anonimato dá lugar a pequenos pertencimentos.
7. Se precisar, procure ajuda profissional
Às vezes a solidão aperta de um jeito que nenhuma dessas estratégias dá conta. E está tudo bem. Isso não é fraqueza — é coragem de reconhecer que precisa de apoio.
A terapia pode ser um espaço potente para elaborar essa dor, entender seus ciclos emocionais, resgatar o seu eixo. E com alguém que entende o que é viver entre mundos, como a psicóloga Michelle Maoli, essa escuta se torna ainda mais empática e cuidadosa.
Sua vida não ficou para trás — ela está se reconstruindo agora
Você não precisa “se acostumar” a viver se sentindo sozinho. Existe outro jeito. Existe lugar para você, mesmo longe do seu país. Existe conexão possível, mesmo que pareça distante agora.
Cada passo conta. Cada gesto de cuidado, cada conversa iniciada, cada tentativa de pertencer é uma semente de futuro.
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Como alguém que viveu anos longe do meu país, conheço na pele os desafios emocionais da vida expatriada.
Atendo pessoas que vivem fora de seus países e sentem o impacto emocional da migração.
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